Depois
de treinar muito em simulador
e pegar a sensibilidade dos comandos, fui a um clube que reunia alguns
aeromodelistas para realmente aprender a pilotar. O lugar não era filiado
à Cobra, mas sua estrutura era excelente, tinha área
de segurança e ficava em um lugar apropriado para a prática do
aeromodelismo. Pois bem, fui com meu famigerado treinador, todo linkado,
bateria carregada, enfim, pronto para a minha primeira experiência. Não havia lá nenhum instrutor e, assim,
insisti para que alguém me ajudasse. Alguém se dispôs a me ajudar e colocou meu
aero no alto.
Depois de subir a uma altura
considerável, o piloto experiente colocou o controle na minha mão e ficou
tocando nos meus ombros: batidinha no ombro esquerdo equivalia a dar aileron
para o lado esquerdo, batidinha no lado direto, aileron para o lado direito.
Quando o modelo entrava em
uma situação crítica, como stoll
ou alguma manobra imprevista, o piloto pegava o rádio da minha mão rapidamente
e buscava corrigi-lo. Não lenhei o modelo e, por conta da falta de tempo, precisei
deixar o treinador na
parede por um tempo. Anos depois, um colega resolveu me ensinar a
pilotar. Porém, desta vez a experiência seria com o cabo trainer.
Já
cansei de ver pessoas aprendendo a pilotar sem o uso do cabo trainer. O que
acontece, no entanto, é que o futuro piloto não aprende efetivamente a pilotar,
mas sim a deixar o avião no alto. É preciso adquirir a sensibilidades dos comandos,
e isso é feito quando o instrutor utiliza o cabo trainer. Para isso, basta ele
tomar o comando, realizar a manobra desejada e pedir para que o futuro piloto
tente fazer do mesmo modo. Se o piloto iniciante errar algum comando, basta o
instrutor tomar o controle do aeromodelo e explicar para o aprendiz o que foi
feito de errado. Muito simples e seguro.
Para
quem não conhece, cabo trainer, como o próprio nome já diz, é um cabo que
interliga dois rádios: o mestre (do instrutor), e o escravo (do aluno). Enquanto
o instrutor segura uma chave, o avião responde ao comando dado no rádio do
aluno; quando o instrutor solta esta chave, o comando volta instantaneamente
para o seu rádio.
Mas as vantagens do cabo
trainer não se limitam a isso. Com ele, evita-se mudar o controle de mãos, diminuindo
assim a chance de possíveis acidentes, uma vez que tanto o controle quanto o
próprio aeromodelo ficam vulneráveis nessas transições.
Quando é necessário passar o
rádio para outra pessoa, a atenção se volta para o controle, e não para o
modelo. Por mais breve que isso seja, essa distração pode tirar o modelo do
percurso e causar um acidente. Se o instrutor ou aluno tenta devolver o radio
de forma rápida, corre o risco de derrubar o equipamento. Há, portanto, uma
dupla preocupação. No cabo trainer, ao contrário, bastará um simples toque de
chave para que o modelo volte para o controle do instrutor ou aprendiz. Tanto um
quanto outro mantém sua atenção no modelo.
Outro fator importante no uso
do cabo trainer: o instrutor pode exigir que o aluno realize manobras
básicas, que são essenciais para evitar quedas, uma vez que elas
permitem sair de situações de risco. Exemplo: um dorso não planejado pode ser
corrigido com meio roll.
Utilizando o cabo trainer, caso
o aluno não consiga efetuar a acrobacia, o instrutor retoma novamente o
controle de forma simples e eficiente. Ele traz uma sensação de confiança e
segurança tanto para aquele que está instruindo quanto para aquele que está no
processo de aprendizagem.
Não acredito que seja
obrigatório o uso do cabo trainer, mas defendo fortemente que seu uso traz um
aprendizado mais produtivo e suas vantagens são incomparáveis diante de outras
formas de ensino. Nem todo mundo possui um cabo trainer no meio de seus
equipamentos. Mas se ele existe, por que não o usar? O preço de um é bem menor
que o conserto de uma lenha grave.
Escrito por Wagner de Barros
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